Descobrimento e Denominações

por nat publicado 26/05/2017 10h45, última modificação 26/05/2017 13h18

DESCOBRIMENTO

“Há mais de dois séculos passados, quando os bandeirantes na sua heroica missão de desbravantes dos Sertões, passaram pela nossa região Sudeste, em busca de ouro e esmeralda, deixaram vestígios que perduram até nossos dias". 

Era no tempo da Captação (coleta) e da Capitação (impostos) do ouro. Faiscadores corriam todos os cantos das Minas Gerais. Sonhavam com tesouros fabulosos, postos à flor da terra.

 

 DENOMINAÇÕES

 Descoberto da Pedra Branca

Descoberto era o título que se dava às minas de ouro quando recentemente encontradas. O da Pedra Branca é conhecido desde 1741. Nesse ano, 33 mineradores que faiscavam em Campanha, percebendo que estavam declinando as minas e devendo atender ao lançamento dos quintos previstos, fizeram chegar ao ouvidor de São João Del Rei uma petição para que se providenciassem logo os recursos necessários para partilha do Descoberto da Pedra Branca.

Assim se expressaram: “Dizem os moradores da Campanha do Rio Verde, abaixo assinados... para a partição do novo Descoberto da Pedra Branca...” O aludido documento é assinado em primeiro lugar por Francisco Ramos da Silva. É que todos desejavam tentar sorte melhor.

Respondeu aos requerentes o ouvidor, excusando-se entretanto das providências em apreço. Alegou as muitas ocupações próprias e sugeriu-lhes requeressem diretamente ao Governador Geral das Minas.

Insistem novamente os signatários do requerimento e justificam a pretensão “demorando-se-lhes a repartição do Descoberto da Pedra Branca por causa do Caminho e sendo obrigados a abri-lo para efeito de se conseguir a mesma repartição... podem nomear-lhes pessoa que faça a tal repartição”.

O caminho que unia Campanha ao novo Descoberto já se achava feito com perfeição notável, auxiliados que foram pelos escravos. Só lhes faltava a autorização exploratória.

O governador, no dia 12 de setembro de 1742, assim despachava: “o guarda-mor que venha ao Descoberto da Pedra Branca e faça a repartição das terras com maior brevidade possível e espero nele se haja com aquele zelo e acerto com que se costuma servir a sua majestade".

Estava nomeado o guarda-mor, desde 29 de junho de 1741, sem entretanto exercer o cargo, Francisco Xavier Corrêa de Mesquita, que se deixou ficar em São Gonçalo do Sapucaí, em sua fazenda de mineração.

Apesar da desculpa apresentada, o próprio ouvidor teve que fazer pessoalmente a partição, no que foi acompanhado por Bento Pereira de Sá, na qualidade de escrivão das datas e provido a 5 de novembro de 1742.

Bento Pereira de Sá é o primeiro guarda-mor da Pedra Branca e do Sapucaí. Foi guarda-mor até 1760 e exerceu, com muita dedicação e probidade, esse cargo, sempre manifestando sua presença a atuação firme em todas as minas de seu vasto território. Pelos seus muitos méritos de pacificador dos povos em questão melindrosa de governo, foi nomeado “capitão-mor” e regente de ambas as partes do Rio Sapucaí.

Ribeirão de Santa Catarina da Pedra Branca

Em 1743, o governador de São Paulo, D. Luiz de Mascarenhas, tendo conhecimento que nas Minas do Rio Verde havia grande quantidade de ouro, julgou-se dono do novo descoberto e mandou para ele na qualidade de guarda-mor, Bartolomeu Corrêa Bueno, filho do Capitão Francisco Corrêa de Lemos e Joana Batista Bueno.

Teve, porém, pouca duração sua superintendência, porquanto nesse mesmo ano, o ouvidor de São João Del Rei foi informado do que se passava por José Rodrigues da Fonseca, um dos signatários de 1743.

O guarda-mor paulista viera com ordens para tomar posse da Pedra Branca e São Gonçalo. Mas o ouvidor José Antônio Calado, juntamente com os oficiais da Câmara, vieram ter a Campanha e expulsaram o intruso guarda-mor.

Então foi feita oficialmente a retificação de limites a 25 de fevereiro do mesmo ano, baseados nas antigas divisas da Mantiqueira, que datavam de 02 de dezembro de 1720. Posteriormente, outras ordens régias ora confirmavam os antigos limites, ora os alteravam.

E de tudo notificaram o Governador Gomes Freire, a 06 de agosto de 1743. No auto de retificação de posse de Santa Catarina, feito a 28 de fevereiro de 1743, consta: “Neste Arraial do Ribeirão de Santa Catarina... da Pedra Branca... estamos de posse deste arraial e seus distritos (aqui a solércia) desde o tempo do primeiro descobridor... por razão de serem estas paragens pertenças de suas posses antigas do Arraial de Santo Antônio da Campanha, por esta se estender, como fica dito, até o alto da Serra da Mantiqueira".

Assinaram o auto feito pelo escrivão José Joaquim da Silveira, além dele, 23 pessoas e foi dirimida a questão dos limites, por algum tempo.

O núcleo do Descoberto da Pedra Branca formou a Paragem e Capela de Santa Catarina.

 Santa Quitéria

Na época em que foi criada a Paróquia que seria de Santa Catarina, não se sabe se por engano ou por muita devoção de alguém, recebeu o título de Santa Quitéria. O lugar continuou a registrar os diversos termos eclesiásticos, sem jamais tomar conhecimento do trocadilho, a não ser para titular-se e independer-se. Verificado o engano, tudo se acalmou e Santa Catarina teve legitimamente seu título de Paróquia.

 Santa Catarina

Salvo demonstração em contrário, supõe-se que o nome Santa Catarina, posto no Arraial da Pedra Branca, tenha sido dado por Manoel Lopes Viana ou sua esposa.

Era ele natural de Viana e foi casado com Antônia Teixeira, natural de Valença, filha de Francisco Teixeira da Silva, um dos assinantes do requerimento de partição do Descoberto da Pedra Branca e de Jerônima Corrêa. Moravam no sítio denominado Engenho em Santa Catarina e eram senhores de muitos escravos.

A povoação prosperava , sujeita, como tudo que é terreno, à lei de lucros e perdas. Mas foi com o advento do título de Ermida em 1770 elevada pelo Exmo. Vigário Capitular Cônego Vicente Gonçalves Jorge de Almeida, podendo assim gozar de certas prerrogativas que a povoação de Santa Catarina se tornou mais conhecida.

Natércia

Em 1953 a Câmara Municipal, pela maioria de seus membros, houve por bem trocar o nome para Natércia que é um anagrama de Caterina, baseando-se nos versos de Camões, o grande gênio, o pai da Língua Portuguesa.

O nome foi trocado para Natércia, em virtude do extravio de Correspondência para o Estado de Santa Catarina, o que trazia grande transtorno à população local. 

 

Fonte: Paulina Orsi Junho
Escola Municipal Coronel Goulart
2000/2001